Economia circular, uma nova realidade para a indústria

Economia circular, uma nova realidade para a indústria

Setor adota práticas tecnológicas para fazer o melhor uso dos recursos naturais, reciclar produtos e manter o meio ambiente equilibrado

A sustentabilidade na indústria caminha a passos largos ao longo dos últimos anos. Além de promover uma cadeia de produção cada vez mais sustentável e eficiente, o aproveitamento de resíduos ganhou um novo olhar com a disseminação do conceito de economia circular, que avança cada vez mais.

Em 2019, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) realizou uma pesquisa para compreender a atividade. Segundo o levantamento, 76,5% das indústrias praticam alguma iniciativa ligada à economia circular sem ter conhecimento do conceito. Entre as principais práticas elencadas pelos entrevistados estão a otimização de processos (56,5%), o uso de insumos circulares (37,1%) e a recuperação de recursos (24,1%).

Para Davi Bomtempo, gerente executivo de Meio Ambiente e Sustentabilidade da CNI, a busca por maior eficiência dos processos produtivos e a relação com ganhos econômicos para as empresas está cada vez mais evidente. “A economia circular faz parte do processo industrial, no qual o melhor uso dos recursos naturais e a perspectiva econômica somam esforços para atender às demandas sociais e, ao mesmo tempo, manter o meio ambiente equilibrado. ”De acordo com Bomtempo, a relação entre recurso e valor é um dos pontos-chave para a discussão sobre o tema. “Acreditamos que a economia circular está no DNA do setor industrial.

Adicionar valor aos recursos naturais e entregá-los à sociedade é um dos principais propósitos da indústria. ”Apesar de o setor já ter incorporado algumas práticas em seus processos, o gerente da CNI enfatiza que ainda há um caminho longo pela frente para que seja mantido, de forma efetiva, o fluxo circular dos recursos ao longo do tempo e fora das instalações das empresas. A tendência é de que as indústrias não apenas reduzam custos e perdas produtivas, mas também criem outras fontes de receita, com estímulo à inserção de matéria-prima secundária nos processos produtivos e fomento ao mercado de troca de resíduos.

Embalagens

A reciclagem de embalagens no Brasil é uma realidade há muitos anos, mas ainda pode avançar. Com foco na melhor preservação dos alimentos e redução de perdas, a utilização de estruturas mais complexas desafia a reutilização. A restrição à permeabilidade de gases para elevar o prazo de validade de diversos produtos e os tornar mais acessíveis, impedindo perdas no ciclo de produção e transporte, requer novas tecnologias de reciclagem que devem se viabilizar num futuro próximo. Um outro desafio está relacionado à infraestrutura na coleta desses materiais. Luciana Pellegrino, diretora executiva da Associação Brasileira de Embalagem (ABRE), destaca que o setor está direcionando esforços para fortalecer a cadeia de logística reversa e posterior reciclagem dos materiais. “A indústria de embalagens está investindo em novas tecnologias para a integração de outros materiais no processo e, assim, fortalecer a economia circular na cadeia de consumo”, ressalta.

Iniciativas inéditas

A JBS Novos Negócios, por meio de suas unidades de negócio, é pioneira no ciclo fechado de aproveitamento de resíduos industriais, fomentando um movimento de inovação, eficiência e práticas sustentáveis. De acordo com a companhia, mais de um milhão de toneladas de resíduos gerados pela JBS em suas operações ao redor do mundo foram reaproveitados em 2019 – cerca de 50% do volume total – e destinados para compostagem, reciclagem, reaproveitamento energético e cogeração.

Desse montante, a JBS Ambiental, que conta com 11 unidades de reciclagem no Brasil, gerenciou cerca de 24 mil toneladas de resíduos sólidos entre plásticos, metais, papéis e outros resíduos, além de 5,4 mil unidades de lâmpadas. Adicionalmente, produziu mais de 2 mil toneladas de produtos plásticos reciclados como sacos de lixo, capas protetoras de paletes, bandejas e filmes termo encolhíveis, além de 2,4 mil toneladas de resinas plásticas recicladas.

A JBS também conta com iniciativas que visam reduzir as perdas de embalagens e fomentar a reciclagem. A Swift, empresa do grupo, fez parceria com a eu reciclo para um projeto de compensação ambiental de 100% de suas embalagens. A empresa passou a direcionar para reciclagem resíduos equivalentes aos produzidos em suas unidades, em peso e material, a fim de neutralizar possíveis impactos das embalagens pós-consumo. A Swift ainda passou a compensar cerca de mil toneladas em resíduos plásticos, papel e vidro por ano, que deixam de ser destinados a aterros e apoiam o crescimento da cadeia de reciclagem no Brasil.

Embalagens metálicas

Outro destaque da empresa é a unidade da Zempack, voltada para a produção de embalagens metálicas para aerossóis 100% recicláveis, tanto de aço quanto de alumínio, com um processo de produção permeado pela sustentabilidade de ponta a ponta. Com capacidade para produzir 220 milhões de latas anualmente, a fábrica tem toda a energia de sua produção proveniente da Biolins, unidade de produção de energia elétrica da JBS que utiliza 100% de matéria-prima de fontes renováveis.

A Zempack integra o Acordo Setorial de Embalagens e o Programa Prolata, iniciativa da Associação Brasileira de Embalagens de Aço (Abeaço). Segundo a JBS, todo o ciclo de produção das embalagens da Zempack segue o sistema de logística reversa, com 100% do material descartado destinado para a JBS Ambiental, que o coloca de volta no setor por meio de siderúrgicas. Com isso, assegura que o material não utilizado seja reaproveitado dentro da cadeia.

Fonte: Revista Isto É