Mulheres no setor de energia, um desafio de mudança

Mulheres no setor de energia, um desafio de mudança

Num mundo que enfrenta múltiplas crises que exercem pressão na política e na economia, alcançar a igualdade de género é mais vital do que nunca. Garantir os direitos das mulheres em todos os aspectos da vida é uma forma de garantir economias prósperas e um planeta saudável para as gerações futuras.

Uma pesquisa divulgada pela Agência Internacional de Energia Renovável (Irena) mostrou que embora as mulheres representem quase metade da população mundial, a igualdade de gênero ainda é um grande desafio. E no setor de energia, as mulheres representam menos de um quarto da força de trabalho total de energia e um terço do setor de energia renovável.

De acordo com a Irena, as mulheres representam apenas 32% da força de trabalho global de energia renovável, e somente 21% da força de trabalho eólica. E quando se trata de papéis em ciência, tecnologia, engenharia e matemática (CTEM), esses números são ainda menores: 28% e 14%, respectivamente. A análise da IRENA também conclui que as mulheres são mais propensas a serem empregadas em cargos não-técnicos, administrativos e de relações públicas com salários mais baixos do que em cargos técnicos, gerenciais ou de formulação de políticas públicas.

Embora as mulheres representem aproximadamente um terço da força de trabalho total na indústria de geração renovável, é no setor de energia solar fotovoltaica que elas marcam maior presença, com uma participação de 40%, segundo relatório da Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA). É quase o dobro da proporção de mulheres empregadas na indústria eólica (21%). A maioria delas (58%) atua em funções administrativas.

De acordo com o relatório World Energy Transitions Outlook 2022 da Irena, haverá cerca de 139 milhões de empregos no setor energético em todo o mundo até 2030. Para a agência, esta é uma oportunidade de aprimorar a força de trabalho, incluindo mais mulheres no processo. “Aproveitar a participação das mulheres como agentes de mudança pode encorajar, influenciar e acelerar a transformação energética”, defende a instituição.

A pesquisa Mulheres no Setor Elétrico, promovida pela Agência Nacional de Energia Elétrica em 2023, mostra que no setor elétrico a participação dos homens ainda é majoritária especialmente nas áreas de alta liderança e operação. As mulheres seguem em menor percentual, com maior atuação dos setores administrativos e de serviços gerais (66,98%). No geral as mulheres correspondem a 20,81 % dos colaboradores das concessionárias.

Alguns aspectos foram citados como barreiras para melhorar estes resultados, sendo:

  • Formação técnica (72,12%) – historicamente as mulheres foram pouco encorajadas a estudar e se formarem em áreas consideradas masculinas, como por exemplo: engenharias, tecnologia, ciências e matemáticas.
  • Viés de gênero (21,30%) – foi o segundo mais citado como obstáculo para aumentar a contratação de mulheres no setor.

Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=0H_i3sc3UJ4

A pesquisa revelou também boas práticas no setor elétrico:

  1. Investimento em treinamento e capacitação de mulheres, especialmente para atuação nas áreas de operação.
  2. Atuar na formação de lideranças femininas, com treinamentos e programas de mentoria.
  3. Revisar os programas de seleção e recrutamento para evitar o viés inconsciente.
  4. Implementar canais exclusivos para recepção de denúncias sobre assédio.
  5. Realizar ações de letramento em gênero e diversidade.
  6. Investir em programas de apoio a parentalidade.
  7. Promover uma cultura de diversidade na instituição

Os relatos enviados pelas empresas, demonstram o setor em mudança, focado em realizar uma transição energética justa, com equidade e diversidade, mas o caminho a percorrer ainda é longo.