A transição para uma matriz energética mais sustentável tem sido um dos temas mais discutidos globalmente, principalmente depois da pandemia de covid e do começo da guerra na Ucrânia, que impôs desafios geopolíticos complexos.
No Brasil, o gás natural e o biometano – gás totalmente renovável oriundo da purificação do biogás – despontam como alternativas decisivas para um processo de transição seguro e eficiente.
O gás natural já ocupa papel relevante na matriz energética global, inclusive no Brasil. Terceira fonte de energia do mundo, tem sido um substituto importante de combustíveis mais poluentes na geração de energia elétrica, nos processos industriais e na matriz de transporte. Nesta última, principalmente na frota pesada, o gás natural e o biometano têm um papel fundamental na substituição do óleo diesel, contribuindo para a redução progressiva das emissões de gases de efeito estufa e de poluentes locais.
A produção de gás natural renovável, ou biometano, tende a crescer no Brasil. De acordo com estudo divulgado em dezembro pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), braço de planejamento do Ministério de Minas e Energia (MME), o volume de biogás (matéria prima para a produção do biometano) produzido no Brasil cresceu cerca de 87% nos últimos 10 anos. Segundo o estudo, a proximidade da infraestrutura de gasodutos pode ajudar o escoamento da oferta de biometano, permitindo acesso aos consumidores de gás.
Foco em agenda ESG
Criada em março de 2020, a Compass vem investindo em um portfólio de negócios que combina desenvolvimento de infraestrutura, garantia de abastecimento e sustentabilidade. Um dos destaques é a Comgás, maior distribuidora de gás canalizado do País.
— No nosso segmento de distribuição, a Comgás encerrou 2023 com recorde de conexões, com 170 mil novas ligações, ultrapassando a marca de 2,5 milhões de clientes. Também evoluímos com a nossa agenda de sustentabilidade. Assinamos novos contratos para originar, comercializar e distribuir biometano, reforçando o nosso compromisso de liderar a distribuição de gás de origem renovável no Brasil — diz Antonio Simões, CEO da Compass.
Em agosto de 2023, a companhia formalizou uma parceria com a Orizon, uma das maiores gestoras de aterros sanitários do País. A união deu origem à Biometano Verde Paulínia, que deverá se tornar uma das maiores produtoras de gás natural renovável do Brasil. A nova companhia investirá no desenvolvimento de uma planta de purificação de biometano,com produção inicial de 180 mil metros cúbicos por dia, podendo chegar até 300 mil metros cúbicos por dia, a partir do biogás gerado no aterro sanitário Ecoparque Paulínia, em São Paulo. A previsão é que esta planta inicie sua operação em 2025 com investimento estimado em até R$ 450 milhões.
Ainda em 2023, a Compass fechou um contrato de suprimento para comercialização com a São Martinho, uma das maiores processadoras de cana de açúcar do país. O biometano de origem de resíduos da cana será produzido na unidade Santa Cruz, em Américo Brasiliense (SP). O contrato tem um prazo de cinco anos, renováveis por igual período, com volume médio de produção de 63 mil metros cúbicos de biometano por dia durante o período de safra, a partir do segundo semestre de 2025.
— A transição energética está no centro da nossa estratégia de negócios. Em novembro de 2023, concluímos a emissão de R$ 1,7 bilhão em debêntures vinculadas com o compromisso de atingimento de duas metas de sustentabilidade até 2030. A Compass é a primeira companhia do setor de gás na América Latina a emitir uma dívida atrelada a este tipo de metas — acrescenta Guilherme Machado, Diretor Financeiro da Compass.
Uma das metas é atingir a distribuição de 250 mil metros cúbicos/dia de biometano até 2027 e duplicar esse volume até 2030. O outro compromisso é alcançar pelo menos 50% dos cargos de liderança sendo ocupados por representantes de diversidades.
Algumas dessas ações estão detalhadas no Relatório de Sustentabilidade 2023, documento lançado recentemente em que a Compass apresenta as principais ações nos pilares ambiental, social e de governança e explica como as iniciativas se conectam com a operação e estratégia de negócios.
Em fevereiro de 2024, a Compass conquistou, pela primeira vez, a classificação na chamada “A List” (lista A) do Carbon Disclosure Project (CDP) em mudanças climáticas, referência global em gestão de indicadores de sustentabilidade.
— A Compass é uma das 11 companhias brasileiras a figurar na “A List” e a primeira no setor de gás na América Latina. Outro reconhecimento importante é o selo ouro no programa brasileiro GHG Protocol, o que demonstra nosso alto engajamento na gestão e mitigação de emissões de gases de efeito estufa — observa o Diretor de Relações Institucionais, Comunicação e Sustentabilidade da Compass, Adriano Zerbini.
Outros ativos
Além da Comgás, a Compass mantém participação – por intermédio da Commit e Norgás, ambas parcerias com a Mitsui – em 11 distribuidoras: as controladas Sulgás (RS) e Necta (SP), e como acionista minoritária, na Compagas (PR), SCGás (SC), MSGás (MS), CEG-Rio (RJ), Sergás (SE), Algás (AL), Copergás (PE), Potigás (RN) e Cegás (CE).
Em 2023, a Compass anunciou a criação de uma nova empresa, a Edge, que chega para romper barreiras e abrir novos caminhos para a transição energética. A Edge tem compromisso com o desenvolvimento do mercado livre de gás no Brasil, oferecendo liberdade de escolha para os consumidores “on” e “off-grid”. A nova companhia agrega as operações de biometano, de GNL B2B (small scale) e de comercialização de gás, além de projetos de infraestrutura.
Fonte: O Globo