Com o tema “Diálogos de Integração”, o Centro Paulista de Estudos da Transição Energética (CPTEn) realizou o seu primeiro seminário em agosto, na sala de Congregação da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (FEEC). Luiz Carlos Pereira da Silva, diretor do CPTEn, Antonio José de Almeida Meirelles, reitor da Unicamp, Luiz Eugênio Mello, diretor científico da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), e Fernando Chucre, secretário de Estado de Infraestrutura e Meio Ambiente (Sima-SP), foram alguns dos representantes que estiveram na cerimônia de abertura.
O evento marca o começo das atividades do novo centro de pesquisa da Unicamp e sua programação esteve aberta à participação geral durante a manhã. À tarde, houve uma oficina destinada a pesquisadores, professores e estudantes integrantes dos oito eixos temáticos que, alinhados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas, propõem a transição energética para o Estado de São Paulo.
Para o diretor do CPTEn, à medida em que a ciência passa a fazer parte dos processos da administração pública, maior é a probabilidade de melhores decisões serem tomadas para os cidadãos. “O CPTEn é uma extensão do que estamos fazendo na Unicamp nos últimos cinco anos. Fizemos muitas pesquisas e existem muitos projetos na Unicamp para apoiar a gestão e a eficiência energética, as energias renováveis e a mobilidade elétrica. A ideia, agora, é estender isso para o Estado de São Paulo”, disse Silva, referindo-se ao uso público de energia em mais de 30 mil unidades consumidoras ligadas ao Estado.
Meirelles considera que essas novas atividades precisam estar direcionadas à formulação de políticas públicas. “Temos uma presença muito próxima do Conselho da Região Metropolitana de Campinas, envolvendo 20 cidades, e esse pode ser um dos principais projetos para discutirmos com os seus prefeitos”, afirmou. O reitor enfatizou a presença de atores de diferentes áreas no CPTEn, como pesquisadores do Direito e da Educação, sublinhando a qualidade e o potencial de impacto dos trabalhos que serão desenvolvidos.
Foi sobre nessa interação que as professoras da PUC-SP Ivani Fazenda e Danúsia Arantes, pesquisadoras da Unicamp, ambas integrantes do CPTEn, expuseram o desafio frente à articulação do diálogo integrando distintos saberes no CPTEn e destacaram a necessidade para a resolução de problemas complexos. “Agir profissionalmente, de uma forma interdisciplinar, é ter a humildade de compreender que, apesar de tudo que estudamos nessa vida, esse conhecimento ainda é pequeno frente à grandiosidade que o mundo nos oferece”, disse Fazenda.
Dados da Sima-SP demonstram que, em 2021, 62% da matriz energética paulista era renovável, percentual superior ao nacional, que, no mesmo período, atingiu cerca de 45%. Essas informações foram apresentadas por Ricardo Cantarani, vice-diretor do CPTEn e coordenador de Petróleo, Gás e Biocombustíveis na Sima-SP, durante a exposição dos cenários para a transição energética. Independentemente de categoria, a cana-de-açúcar e os seus derivados são os insumos mais usados na matriz energética de São Paulo. Já a geração de energia por via hidráulica, solar e eólica respondem por 21% da matriz renovável e representam a segunda fonte mais expressiva nesse quesito.
A exposição contou, também, com a colaboração de Alfonso Blanco Bonilla, secretário executivo da Organização Latino-Americana de Energia (Olade), que expôs a situação latino-americana no quesito transição energética, e de Gilberto Jannuzzi, professor da Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM) da Unicamp e pesquisador do Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético (Nipe), que chamou atenção para os processos e principais resultados do Brazil Energy Programme (BEP).
Além de com a própria Unicamp, a Fapesp e a Sima-SP, o CPTEn tem parceria com a Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL), o Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel/Eletrobras) e a empresa Radaz. Integram também o grupo a Universidade Estadual Paulista (Unesp), a Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-Minas), o Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer (CTI), o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP), a Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), a Universidade de São Paulo (USP), a Universidade Federal de Goiás (UFG), a Universidade Nove de Julho (Uninove), a Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), a Delft University of Technology (TU Delft) e a Lappeenranta-Lahti University of Technology (LUT).
Fonte: Unicamp