O selo de consumo energético deixou de ser um critério opcional na escolha de um eletrodoméstico. Atentos, os fabricantes apostam na eficiência energética para atrair o consumidor, que está com poder de compra enfraquecido e às voltas com a crise hídrica no país.
Refrigeradores com inteligência artificial para mapear o comportamento de uso, aparelhos de ar-condicionado que trabalham sem ventilação e fornos elétricos com vedação extra para gerar mais calor são algumas das inovações trabalhadas pela indústria com a proposta de aliviar a conta de luz dos clientes.
Melhorias em componentes e materiais usados na fabricação dos produtos também ajudaram o setor a aumentar a eficiência energética dos produtos de 30% a 45%, nos últimos dez anos, informa a Associação Nacional dos Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros).
O potencial de mercado no país é grande: 80% dos consumidores brasileiros ainda não possuem eletrodomésticos com classificação de consumo mais eficiente, partindo do selo A, aponta a entidade.
A nova categorização estabelecida pelo Inmetro, em agosto, para o selo Procel de Eficiência Energética, que inclui o índice A+++ em refrigeradores, já é um diferencial para fabricantes como a LG, com dez modelos na categoria, e a Panasonic, que vende 11 refrigeradores A+++, oferecendo até 40% mais eficiência em relação ao nível A.
A classificação A+++ exige eficiência de até 30% no consumo de energia sobre o atual selo A, de até 20% sobre o atual selo A+ e de 10% sobre o selo A+.
“À medida que há uma procura maior por esses produtos, a oferta vai aumentar e o preço vai cair, mas ainda estamos em uma fase de transição”, diz José Jorge Junior, presidente da Eletros. “Daqui a um tempo, vamos ter a eficiência em todos os produtos, não por uma imposição de lei, mas por reputação das marcas”, afirma.
Entre os exemplos de imposição, Jorge Junior cita países como Argentina, África do Sul e Índia nos quais a eficiência energética tornou-se obrigatória em todos os produtos. “A pressão para o consumidor só adquirir produtos mais eficientes, e todos mais caros, fez com que as pessoas não trocassem os produtos”.
A conscientização sobre o melhor uso dos eletrodomésticos pelo brasileiro é uma frente de trabalho da indústria. A Eletros articula a criação de uma campanha educacional, junto a outras entidades do setor, trazendo dicas como reduzir o abre e fecha da porta do refrigerador, programar o desligamento da TV e do ar-condicionado à noite, por exemplo.
“Em um país de dimensões continentais como o Brasil, é inviável um morador do Norte deixar de usar o ar-condicionado ou uma pessoa no Sul tomar banho frio quando a temperatura é de 6 graus”, diz Jorge Junior. “Não é não usar, é saber usar”, diz.
Fonte: Valor Econômico