A firme aposta no mercado de energias renováveis e uma ampla reestruturação societária e financeira garantiram à AES Brasil um desempenho de destaque no setor elétrico ao longo de 2020, o que levou a companhia a conquistar a liderança do setor no ranking de Valor 1000 pela segunda vez.
“Foi um ano de muitas transformações para o nosso negócio. Fizemos duas aquisições, crescemos a capacidade instalada em quase 350 megawatts (MW), anunciamos uma reestruturação e uma nova holding, migramos para o Novo Mercado da B3 e ainda trocamos o nome da companhia. Tudo isso visando crescimento”, resume a presidente da geradora, Clarissa Sadock.
Com mais de 15 anos de casa, a executiva assumiu o comando da geradora de energia em janeiro, em meio a uma série de mudanças promovidas pelo grupo controlador, a americana AES Corporation. Depois de a subsidiária brasileira ter sido alvo de uma tentativa de aquisição, os americanos reforçaram a participação societária na AES Brasil e decidiram “exportar” o modelo de negócios da unidade a outros mercados latino-americanos em que atuam. Com isso, o antigo presidente da AES Brasil, Ítalo Freitas, passou a integrar a equipe da unidade estratégica para a América do Sul, alçando Clarissa, ex-diretora financeira, ao comando da companhia.
Este foi apenas o ponto de partida para uma sequência de mudanças. Aproveitando os bons ventos para as fontes renováveis de energia, o grupo promoveu uma reestruturação societária, com o objetivo de aumentar sua capacidade de tomar dívida para bancar novos projetos. Pela nova configuração, os ativos operacionais ficaram concentrados na AES Tietê – antigo veículo de crescimento do grupo –, enquanto novos empreendimentos, conhecidos como “greenfields”, passaram a ser tocados por empresas à parte. Tudo isso sob a holding AES Brasil, que se tornou o nome oficial da geradora.
“A partir dessa estrutura, conseguimos triplicar nossa capacidade de crescer em ‘greenfields’. Dado o momento do setor e do negócio, era um passo importante para nós”, destaca a presidente.
Do ponto de vista da agenda “ESG” (sigla em inglês para aspectos ambientais, sociais e de governança), a geradora reformulou algumas práticas para realizar a sua migração do Nível 2 para o Novo Mercado da B3. O principal ajuste foi a criação de um comitê de auditoria. Por ter um controlador americano, o grupo já adotava há muitos anos práticas de compliance que só agora se tornaram comuns no mercado brasileiro. E já alcançou a pontuação máxima “AAA” na agência de ratings MSCI, uma das mais renomadas nas pautas ESG.
Os esforços da AES Brasil na agenda de sustentabilidade são reconhecidos pelo mercado, cuja régua de exigências para fechar negócio vem subindo, afirma Clarissa. “Lá atrás, os clientes vinham até nós por causa da energia renovável. Hoje, eles querem saber como a gente constrói, como a gente se relaciona com as comunidades do entorno, como é a governança e o alinhamento dos nossos executivos com a pauta ‘ESG’.”
Fonte: Revista Valor 1000