Em uma tentativa de acelerar a abertura do mercado de gás natural, a indústria eletrointensiva decidiu lançar uma chamada pública para aproximar consumidores e vendedores do insumo e viabilizar os primeiros consumidores livres do setor a partir de 2022. “É quase como um Tinder”, define o presidente da Associação Brasileira de Grandes Consumidores de Energia (Abrace), Paulo Pedrosa, em alusão ao famoso aplicativo de relacionamentos.
A Abrace vai coordenar os “encontros” entre consumidores e vendedores, mas não atuará como comercializadora nem vai adquirir gás em nome das empresas que representa. O “match” dependerá, unicamente, de acordos bilaterais entre proponentes e compradores.
O edital da chamada pública divulgado no dia 08 de setembro prevê etapas para cadastro, envio de informações e análise de propostas e seu encaminhamento ao possível comprador. A participação não vincula nenhuma das partes nem gera direitos ou compromissos, e as informações serão confidenciais.
A demanda da indústria é de 6 milhões de metros cúbicos de gás por dia, ou 10% do consumo médio nacional fora de situações como a da atual crise hídrica – que aumenta a demanda devido ao acionamento de todas as usinas termoelétricas. De acordo com Pedrosa, o edital segue as boas práticas das leis de defesa da concorrência, tudo para evitar que a iniciativa seja caracterizada como um cartel de compradores.
“A ideia é permitir que compradores e vendedores se aproximem para conversar. Vamos dizer quem quer gás, onde fica e de quanto precisa. E vamos deixar que alguém se apresente para oferecer”, afirmou Pedrosa. “A ideia é que esse movimento ajude a encontrar soluções e também identifique barreiras que possam ser removidas.”
O novo marco de gás natural entrou em vigor em abril deste ano, após longa tramitação no Congresso. O texto deu diretrizes para que Estados possam aumentar a competitividade, desverticalizar a cadeia e facilitar a ampliação da rede de gasodutos.
Fonte: Infomoney